terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O interior de Duarte


Foi mesmo sem querer, acreditem, a minha passagem pela página do Facebook de Duarte Marques, jotinha ésse dê com assento no Parlamento. O rapaz lá tem as ideias dele, e no espaço dele publica, naturalmente, o que lhe apetece, mas não contive a vontade de partilhar este apontamento.

Sugere o rapaz que é de bom gosto viver no interior, «onde o ar é melhor, não há trânsito, as casas são mais baratas, boa comida e gente capaz para trabalhar com dedicação», e incentiva, é claro, a ideia patrocinada pelo governo de projectos de localizados nas regiões de «bom gosto».

«Aproveitem», entusiasma-se Duarte Marques, tão identificado com o interior do país que omitiu o que ele, com certeza, também sabe. No interior, não há escolas, hospitais, centros de saúde e muitos outros serviços públicos perto das pessoas como no litoral/grandes centros urbanos. A qualidade de vida é tão boa, mas tão boa que a juventude do interior migra, ou emigra - é mais esta opção, colocando a sua capacidade para «trabalhar com dedicação» ao serviço de exploradores de outros países, porque os deste país já não lhes garantem sequer essa miserável condição de explorados.

Depois, o que é isso de «gente capaz para trabalhar com dedicação»? Dedicação a quê ou a quem? Que modo tão sobranceiro é esse de observar a população onde há «gente» apresentada como criadagem disposta a fazer o que manda o senhor patrão, esfolando a pele de sol a sol pelo senhor patrão? E porquê do interior? Porque no interior há braços para trabalhar sem questionar? Porque no interior, nas "províncias", a habilidade das pessoas foi toda para as mãos e não colocam os problemas que a «gente» do litoral é capaz de colocar? No interior, as pessoas são mais obedientes do que no litoral?

E que sugestão é essa às pessoas para terem o bom gosto de se mudarem para o interior, sob o pretexto de uma vida menos austera, quando as pessoas, tanto no litoral como no interior, já não têm dinheiro para o pão, quanto mais para transferirem o seu quotidiano?

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